segunda-feira, 9 de maio de 2011

A Sony pede perdão


Fabricante japonesa se desculpa pelo vazamento de dados de mais de 77 milhões de clientes. Episódio deve custar à empresa mais de US$ 2 bilhões

Por Bruno Galo - Dinheiro
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Na cultura empresarial japonesa, é comum os executivos pedirem desculpas públicas quando ocorre um escândalo corporativo de grandes proporções. No domingo 1º de maio, esse ritual foi cumprido novamente. Três diretores da Sony se curvaram durante alguns segundos na sede da empresa, em Tóquio. Eles  pediam perdão aos mais de 77 milhões de usuários espalhados pelo mundo, inclusive brasileiros, da PlayStation Network, rede de jogos online para o videogame PlayStation3, e da Qriocity, que vende música e filmes. 
O gesto se deu pelo fato de as informações pessoais desses clientes, como números de cartão de crédito, terem sido roubadas dos servidores da empresa. Em razão do problema, o serviço está fora do ar desde 20 de abril. Entre os homens que abaixaram a cabeça para pedir desculpas estava Kazuo Hirai, cotado para assumir o comando da Sony no futuro. 
  
Já o galês Howard Stringer, que desde 2005 é o presidente da companhia, não deu o ar da graça. Sua ausência lhe valeu severas críticas. Em todo caso, foi justamente Hirai o responsável por criar os serviços de rede da Sony, cujo objetivo é conectar aparelhos e clientes a conteúdos, como filmes, músicas e jogos, e assim fazer frente a rivais como o iTunes, da Apple, e a XBox Live, da Microsoft.
 
Num mercado no qual é cada vez mais difícil lucrar com a venda de hardware, o episódio do vazamento de dados foi um severo golpe nas ambições da Sony. E, principalmente, na confiança dos seus clientes. “Não tenho dúvida de que novos e velhos consumidores vão pensar duas vezes antes de confiar seus dados pessoais a uma empresa incapaz de preservá-los”, disse à DINHEIRO Rob Enderle, presidente da consultoria americana Enderle Group. 
  
 
A questão também serve de alerta para o risco de ataques a grandes bancos de dados pessoais online. Outro aspecto a ser analisado são os arranhões na marca Sony. Embora não ostente mais a aura de empresa inovadora dos tempos do Walkman ou do primeiro PlayStation, ela é hoje a 34º marca mais valiosa do mundo, segundo a consultoria Interbrand. Em 2001, era a 20º. 
 
“A maneira desastrada como tem conduzido essa crise pode ser mais danosa a sua imagem do que a própria brecha de segurança”, disse Willy Shih, professor da Escola de Negócios de Harvard. Como se não bastasse a primeira invasão ao seu banco de dados, na segunda-feira 2, um dia após o pedido de desculpas, a Sony informou que outra rede sua, a Sony Online Entertainment, também havia sido violada, o que resultou no roubo de dados de outros 24 milhões de usuários. 

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